quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Sentimentos

Eu tenho a impressão de que entraram na minha cabeça, pegaram todas as minhas confusões e traduziram em palavras nesse texto abaixo...

"Talvez eu não sou do tipo namoravel. Cansei de jogar a culpa nos outros, a verdade é que eu não sou uma pessoa fácil. Demoro para ser cativado, tenho dificuldades para perdoar mentiras e minha sinceridade quase sempre afasta as pessoas de mim. Quando as pessoas falam "eu te amo" na primeira semana eu fico com o pé atrás pensando: "de duas uma, ou ta falando isso só pra ver se eu vou dizer se também amo, ou de fato não deve dar o mesmo valor que dou para um eu te amo", enfim... Ando meio cético no terreno dos sentimento se tenho desenvolvido o péssimo hábito defensivo de querer descobrir primeiro o defeito das pessoas, na tentativa frustrada de depois não ser surpreendido. E sabe o que eu descobri com tudo isso? O óbvio: que ninguém é perfeito, que todo mundo tem defeitos e que se procurarmos motivos para não ficar com alguém, sempre vamos encontrar vários. E em meio a qualidades e defeitos de pessoas que eu mal conheço, eu me pergunto: "Será que eu conseguiria conviver com isso a longo prazo?", "Será que com o tempo essa pessoa vai continuar a sorrir quando eu contar as minhas piadas sem graça?" "Será que se eu não ligar, ela vai me ligar?" "E se eu ligar? Como eu vou saber se ela teria me ligado?", "Como poderei saber se sou ou não indiferente pra ela?". No fundo, eu sei que todo esse questionário se resume a uma palavra: medo. É o velho medo de sofrer... Existe uma frase do Paulo Coelho (eu nunca pensei que um dia fosse citar Paulo Coelho, mas esta frase é realmente muito sábia), que diz: "O medo de sofrer é pior que o próprio sofrimento". E mesmo sabendo disso, a gente continua a temer. Afinal, é natural ter medo de andar em labirintos, depois que se descobre que existem armadilhas nele. Antes disso a ente anda no labirinto e mesmo não sabendo para onde estamos indo, não nos sentimos perdidos. Engraçado essas coisas, né?! E levando em consideração as minhas feridas abertas, meu traumas, medos e fantasmas eu cheguei a conclusão que talvez eu não seja do tipo namorável, mesmo que uma outra parte de mim discorde, e parte racional, é a quem escreve agora. E eu queria poder dar voz a minha outra parte, aquela que só quer um pretexto para por o meu lado romântico em prática, mas isso me torna tão vulnerável... Sabe, a gente se abre, a gente acredita, a gente sonha e depois quando as coisas não dão certo, damos um jeito de nos culpar por isso. Mas é besteira esse lance de se culpar por acreditar, por que agora vejo que bem pior do que se culpar por ter acreditado em algo que não deu certo não conseguir acreditar mais em nada. É... Talvez eu não seja do tipo namorável, talvez eu deva dar um tempo das pessoas, ou admitir que eu sou um solteiro convicto. Mas a verdade é que eu não sou, por mais que eu queira convencer meu lado racional disso eu não consigo. Porque quando meu Eu racional diz "talvez eu não seja do tipo namorável" o meu Eu emocional responde em um lonnnnnnnngo e pesado silêncio, e mesmo sem proferir uma única palavra, neste silêncio impossível de ignorar, é como se ele dissesse: "hey, eu ainda estou aqui viu?!". Talvez eu não seja do tipo namorável, mas talvez eu seja mais do que aquilo que o meu racional diz. Talvez eu seja até um sonhador, um bipolar, um lunático, um romântico, talvez eu seja a minha ultima esperança."

Luan Emilio Faustino

sexta-feira, 14 de junho de 2013

Revolta da Salada - 2013

Só queria fazer um comentário. Não àqueles que são contra as manifestações, esses não devem nem estar usando ônibus todo dia pra saber que qualquer 0,5 centavo que pagarmos a mais, já é injusto. Não, não... Quero falar com aquele que tá dizendo 'Sou a favor da manifestação, mas sou contra a depredação'... Pra vocês, que acham que aquilo prejudica "o resto das pessoas", como se aquele ato fosse algo alheio à sua realidade. Como se política fosse um universo alternativo, que não deveria afetar em nada a sua vida. Pra você, que está finalmente vendo a política escancarada na sua frente, e se assusta com isso - por que isso faz com que você tenha que lidar com ela. E faz com que você não possa mais fingir que não tem nada a ver com isso.

Primeiramente, sobre a crítica mais incisiva sobre o "perfil do manifestante": São "filhos de classe média" (Jabor, Arnaldo), Jovens desocupados de iPhone na mão. Eu sinceramente acho esse o argumento mais besta já inventado pelos que não tem o que argumentar. Então, por que esses 0,20 centavos não fazem diferença na vida de alguém que pode bancar um iPhone, a causa toda não vale a pena? Eu, que tenho VT da empresa, cruzo meus braços por que aquilo não me afeta? Pra mim, quem concorda com esse argumento é justamente uma pessoa egoísta, que naturalmente pensa 'se não me afeta, não tenho nada com isso'. Por que é a unica coisa que justifica desmerecer isso. Um cara que ganhe 500 reais não pode faltar no trabalho pra ir aos atos. O estudante universitário, que é um cara que (muitas vezes) tem a vantagem de ter segurança financeira, acesso a cultura e a educação, pode SIM lutar por um direito que não é só dele, nem só do rico, nem só do pobre - é um direito de TODOS. Portanto, eu não entendo por que desmerecer ao invés de achar isso algo positivo.
Entendam bem - eu não digo que todos aqueles que estavam no ato podem bancar um iPhone. Estou explicando que esse argumento, nem dentro da lógica reacionária sob a qual isso é visto, faz qualquer sentido.

A crítica aos 'manifestantes de Facebook' também me incomoda. O Facebook é a melhor ferramenta nesse momento, e não deve ser desmerecido. Anos atrás, quando eu estive num Ato contra o Aumento (em 2006, se não me engano - sim, faz tempo), o que mais sentimos falta foi disso - um meio publico de levar a noticia ao grande público. As grandes mídias abafando tudo o que fazíamos, um movimento sem a unidade necessária. Coisas que foram possibilitadas hoje em dia, através das mídias sociais. Cada vez que eu vejo mais e mais gente filmando as atrocidades que o Estado faz contra o povo, e compartilhando informações que não tinhamos como passar antes - só mesmo no boca a boca - eu sinto um grande orgulho. Ver a noticia sair na CNN e no El Pais, me faz encher o peito e dizer - POVO BRASILEIRO, É NÓIS!!! E isso foi possível graças ao Facebook. Eu queria, mesmo, poder estar lá. Eu estou trabalhando... Me envergonho muito de dizer isso. Entretanto, não me envergonho em dizer que, pelo Facebook (sim!), faço o que eu posso para ajudar a apoiar e propagar as causas de um manifesto que diz respeito diretamente a mim.

"Mas eles são uns vândalos, quebraram a Estação, e eu que vou ter que pagar!"
Aí eu imagino uma cena... Os 'meninos da classe média' tomando porrada na cara e saindo correndo no 1o Ato. Imagine que, depois disso, eles tenham recuado? "Oras, bando de covardes, boyzinhos que na primeira porrada já não aguentam", diriam os reacionários mal informados. Mas não - eles não pararam, nem recuaram... deram a cara para bater, outra e mais outra vez. Ai, os reacionários de plantão dizem "Baderna! Até quando vocês vão fazer isso, não adianta!" E enquanto você acha que não adianta, estamos aparecendo na CNN e no El Pais. Estamos colocando as caras no mundo como o 'povo que acordou'. Pense nisso, e imagine isso daqui a 50 anos. Imagine os seus filhos e netos, estudando História moderna, lendo sobre isso nos livros. E pense no orgulho que te dará ter sido parte daquilo, e poder contar como viveu isso ao vivo.

Voltando, por fim, à frase que eu mais ouvi essa semana: "Sou a favor da manifestação, mas sou contra o vandalismo." Vamos então, baseando-se nisso e em outros argumentos vazios e sem nexo, traçar o perfil de manifestante que o povo quer:

- Pobre e trabalhador (Gente a partir da classe média não pode ir! Afinal, eles tem grana para pagar ônibus e não podem, tampouco achar injusto que gente mais pobre que eles não tenha essa grana. Não, se não afeta o cara da classe média que ganha VT da empresa, ele não tem nada que reclamar);
- Adulto, acima de 30 (pois jovens são baderneiros, altamente violentos e não sabem o que dizem)
- Pacífico (se apanhar da polícia, tem que ficar calado, e sair logo das ruas pra não atrapalhar o trânsito. Afinal, vai me atrapalhar, por que eu só ando de carro, já que o transporte público é um lixo. Além disso, a democracia acaba depois que o povo elege um governante - depois disso, todo mundo tem que aceitar tudo o que o governante quiser, senão leva borracha na cara mesmo)
- Não fala nada, não comenta nada, muito menos compartilha seu apoio ao ato no Facebook (pois quem está no Facebook não está nas ruas, e só quem está nas ruas pode apoiar. Então, se você não está lá, automaticamente, é obrigado discordar do movimento)
- Trabalha e estuda (pois somente essas pessoas tem base para reclamar do transporte publico. É claro que essas pessoas falam mal enquanto estão entupidas feito uma sardinha num ônibus, paradas num congestionamento DE CARROS. Mas são essas pessoas que tem que ir ás ruas. Qualquer um que possa ir às ruas por ter o privilégio de ter horários livres E algum tipo de senso critico, não tem que ir pras ruas por que não tem nada do que reclamar)
- Ah! Lembrando ainda que a passeata tem que ser grande, senão, vai meia-duzia de doido e não vai adiantar nada! Agora, tentem não levar muita gente, senão atrapalha o bem-estar das outras pessoas, ok?

Pois é... Esse é o perfil de manifestante que você quer. Pobre, trabalhador, estudante acima de 30 anos e passivo. Acontece que, como percebido, essas são justamente as pessoas que NÃO PODEM ir às ruas - tem empregos que não podem perder, família para criar e aluguel para pagar. Se o manifestante que está na Universidade, questiona as atitudes opressivas do governo e quer mudar o que está de errado no mundo, é criticado por você.... e aí, não há como você dizer que "é a favor do protesto". Por que, se ficarmos esperando manifestos apenas desse perfil de pessoas que você acha ideal, acabaremos novamente apenas com "Manifestantes de Facebook", sendo roubados e reclamando que "brasileiro não se mexe".

Ah! E um grande PS: Será que, depois da atitude que a PM teve ontem, ficou mais claro por que os alunos da Usp não querem a PM no Campus? Ou você ainda acha que é só pra poder fumar maconha na faculdade?? Não, meu bem... Eles já tinham levado muita borrachada antes de você ficar sabendo.

terça-feira, 28 de maio de 2013

How I Met Your Mother - The Mother


I just wanna make one extra comment about 'The Mother Reveal'

SPOILERS

It's not that I thought she was ugly... I really don't think she is ugly. But I must say, I'm a little bit disapointed by her looks.... I mean, I was disapointed the first time I saw the episode, but I couldn't quite put my finger on the why. At first, I was really picturing a blond girl. Then, I thought to myself - "Tamiris, that's ridiculus! You can't expect the mother to just be a blond Hollywood tramp, she should be a real woman, looking as someone lovely and real. I mean, of course, probably the kids were conceived by the neighbor, who' gotta be the provider of the kid's blue eyes, - 'cause neither Ted nor the Mother have light colored eyes. But, you know, you should accept the fact that the mother is not a hot bimbo, she's a normal woman. Deal with it."

And I thought it was the end of it. But, as I was rewatching all seasons this week (I got anxious!), I realized... It was all their fault! I wasn't picturing the mother as a blond girl just because I'm a beauty-stereotypical bitch, but because the castings led me to it! Let's look over the girls that Ted dated - at least the ones who could have been the Mother at some point of the show, or the tricks that the writers played on us: They were ALL blondes!!

Take a look at them:






Season 1: Victoria
She would have been the mother if the show had been canceled.


Season 1: Love Solutions Girl
She would have been Ted's perfect girl, if he hadn't chosen Robin. There were still chances of her being the mother, but they would have to explain why THE HELL she was blond in the pics.



Season 4: Stella
She would have been the mother if the show had been canceled.




Season 6 (ep 01): Cindy's girlfriend
Ted builds up the whole episode, making us think she could be the mother - she's friends with Cindy, the mother's old college roomate, and he wonders if she is the same girl he saw in Cindy's apartment, walking out of the shower. By the end of the episode, she kisses Cindy, showing us she is future Cindy's wife.



Season 6 (ep 24): Girl at the Intersection
Ted made a joke, saying that by sending this girl the flower that was ment for Zoey, he met the kid's Mother. Then he fixes it: "It was just some chick"


I mean, every moment in the show in which we thought "Hey, maybe I'm looking at the mother now", the girl was FUCKING BLOND!

I blame the show for misleading me, and also for making my brain reject Cristina Milioti's beauty for a few seconds. If people think she's not pretty, it's all the the show's fault, for misleading all of us towards imagining a blond mom. And Cristina Milioti is very pretty!

Ok, now it's off my chest... lol

quarta-feira, 3 de abril de 2013

Dor

Estava perdida na noite. A madrugada cinza e pegajosa se encostava sobre seus ombros, e a lua caçoava levemente do espaço desengonçado que a cercava. Não havia mais nada no vazio da escuridão além da solidão que a perseguia.

Estava perdida na manhã. Andava curvada, sem entender a correria que a afugentava. Havia vozes, sons e todas as buzinas, que não percebiam a sua presença. Entorpeceu-se de presas e desatinou a fugir da multidão solitária, sem bem olhar de quem se esquivava.

Estava perdida na vida. Suspirava pelos palcos espaçados por semáforos, mas a plateia sobre pneus corria rápido demais. Não armava-se em nada, não mais se sustentava. Estava cercada de cegos que não sabiam ver. E se ela gritasse a plenos pulmões, tampouco eles ouviriam, por serem também surdos que não querem ver.

Estava perdendo a vida. Vivia a amargar suas derrotas. Fugia de tudo, até de si mesma. Suas vozes se confundiam com os sons e buzinas, seu corpo a suplicava atenção, gritava socorro. Ela não ouvia. Ela não queria olhar para o grito que a assustava mais. E se esmagava nas multidões, esperando que o caos pudesse dar a atenção que suas próprias vozes tanto precisavam.

Estava a vida. E lutava por si. E quem sabe o acaso a pudesse ajudar? Não haveria mais de sofrer, e poderia curar a si mesma. Por que quando a mente não quer ajudar ao corpo, é que a mente também precisa de ajuda. E quando a mente e o corpo não se entendem, sofre também a alma. E o caos nas cidades e a zombaria da lua, na alma, fazem todo o sentido. E é tudo intenso demais para entregar nas mãos do acaso.

Estava na noite. Estava na manhã. Estava na vida. Estava em cada passo que dava. Estava no corpo. Estava na alma. Estava em qualquer lugar. Perto demais para evitar. Cínico e desagradável. Incisivo e sutil. Estava lá. E ela não tinha mais escolha a não ser lidar.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Coisas...



"Por que nós todos somos monstros de alguma forma, não somos? Todos nós temos alguns fragmentos de um lado negro, e alguns de nós tem loucura completa, em escala Darth Vader. Ao mesmo tempo, precisamos daquele monstro. Ele nos dá coragem e força, e nos permite compreender a nossa força e, às vezes, emoções esmagadoras: raiva, medo e dor. Ele nos dá uma sensação de poder, de controle. No caso de uma mulher vampira, insinua algo sem suspeitas: você pode ter pensado que eu não tinha poderes, ela diz, mas agora que minha boca está coberta de sangue, talvez você tenha uma idéia diferente de que eu sou, do que sou capaz. Se estivermos vestidos como monstros, podemos nos ver como indivíduos cheios de poder, ao invés da vítima. Podemos agir, ao invés de agirem sobre nós." (tradução livre)

Amy Sundberg


"Sou pessoa de dentro pra fora. Minha beleza está na minha essência e no meu caráter. Acredito em sonhos, não em utopia. Mas quando sonho, sonho alto. Estou aqui é para viver, cair, aprender, levantar e seguir em frente. Sou isso hoje... Amanhã já me reinventei. Reinvento-me sempre que a vida pede um pouco mais de mim. Sou complexa, sou mistura, sou mulher com cara de menina... E vice-versa. Me perco, me procuro e me acho. E quando necessário, enlouqueço e deixo rolar... (...) Sou boba, mas não sou burra. Ingênua, mas não santa. Sou pessoa de riso fácil... e choro também!"

Tati Bernardi


"Ela não diz 'eu te amo' como uma pessoa normal diz. Ao invés disso, ela vai rir, balançar a cabeça, te dar um sorrisinho e dizer: 'Seu idiota!'. Se ela te disser que você é 'um idiota', você é um cara de sorte."

HIMYM S05E04


"Não, eu não era engraçada. Sem nem ao menos saber, eu era muito séria. Não, eu não era doidinha, a realidade era o meu destino, e era o que em mim doía nos outros. E, por Deus, eu não era um tesouro. Mas se eu antes já havia descoberto em mim toto o ávido veneno com que se nasce e com que se rói a vida - só naquele instante de mel e flores descobria de que modo eu curava: quem me amasse, assim eu teria curado quem sofresse por mim. Eu era a escura ignorância com suas fomes e risos, com as pequenas mortes alimentando a minha vida inevitável - que podia eu fazer? eu já sabia que eu era inevitável"

Clarice Lispector


sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

O Telefonema


Ela esperou horas. Meses. Anos. Um espaço de tempo que pareceu uma eternidade. Isso por que, num dia qualquer, ao longo da semana, aquele cara disse: “Eu te ligo sexta-feira, prá gente fazer alguma coisa!”.

Ela acende o visor do celular incansáveis vezes, só pra confirmar se o sinal continuava cheio. Sim, continuava perfeitamente cheio.

Enquanto o visor do celular a encara, desafiador e vazio, ela se desespera com ideias, pensamentos, confusões. Ela devia, realmente, espera ele ligar? Ligaria para ele? Será que esse cara é do tipo escroto, que vai pensar qualquer besteira só por que ela ligou? Ou é do tipo tímido, que vai se decepcionar se ela não ligar? Ela corrompe as unhas, esbarra em seus próprios pés enquanto roda em volta da cama. Será que ele quis dizer sexta que vem, e ela nem precisava estar se desesperando hoje? Ou será que ele nem lembra que marcou de sair com ela? Maldita frase! “Te ligo”... Tão imprecisa quanto mal dita!

Outra ideia angustiante é a de “fazer alguma coisa”. “Alguma coisa” não é plano que se faça! Como alguém deve se vestir para fazer “alguma coisa”? “Alguma coisa” é em lugar aberto ou fechado? Leva-se um casaco, uma sapatilha para o caso de cansar-se do salto? Precisa-se ir com a unha feita, escova intacta ou depilação feita para “alguma coisa”?

Ela chega a se assustar no momento em que a luz do celular se apaga novamente. Era como se, apenas por uma fração de segundo, aquela breve mudança de luz significasse que algo iria acontecer no celular. Quem sabe uma mensagem, uma ligação, ou mesmo um sinal de que o telefone estaria funcionando... Mas não. Ela atira o celular em cima da cama. Era melhor parar de pensar naquilo. Trancou a porta do quarto, trotou até a cozinha e encheu um copo d’água.

Enquanto ela bebia, pensava naquele cara. E se perguntava se ele valia, realmente, todo aquele nervoso. Eles tinham ficado... uma vez. Trocavam mensagens de texto frequentemente, mas... ainda não dava pra saber se era sério. Essa seria a primeira vez que sairiam de verdade. Não... Não era motivo pra tudo isso. Percebeu que continuava andando aflita de um lado para outro. Olhou para o relógio. Para de ser besta! Gritou consigo mesma por alguns segundos, e, depois de uma bronca bem dada, sentou-se no computador, numa tentativa de se distrair.

Distrair. Distraiu-se... se traiu. Não resistiu. Checou o e-mail, o Facebook, o Twitter, o Msn... até no Orkut ela entrou, só para ter certeza. Ela procurava onde já sabia que não acharia. Não havia ninguém online. Ele não estava online, e se por acaso estivesse online antes, tampouco havia tentado procura-la,.

Desisto. E ela não quis mais esperar. Eu não preciso passar por isso. Não sou obrigada. Foi até o quarto, destrancou-o, pegou o celular. Olhou para o número na tela por horas. E, finalmente, discou, sem querer realmente que ele atendesse. Não saberia o que dizer. E decidiu milhares de vezes qual seria a melhor frase pra se começar uma conversa casual, enquanto aquela ligação se completava. E teve um infarto e morreu afogada ao mesmo tempo, em meio ao silêncio esmagador do outro lado da linha. Dava tempo de se arrepender? Até que...
“Sua chamada está sendo encaminhada para a Caixa de Mensagens...”

Ela não quis deixar recado. Encerrou a chamada e se perdeu novamente nas milhares de confusões que surgiam a cada segundo. Ele pode ter esquecido o celular em casa. Ou ter ficado sem bateria. Ele pode ter desligado o celular, para não ser incomodado. Pode ser que esteja sem sinal. Mas ele pode também ter desligado de propósito, pra não precisar falar com ela. Para não ser incomodado. Por ela?

Ela não queria se desesperar mais. Ela não quer se precipitar em conclusões falsas, nem sofrer por antecipação. Ela sabia que havia apenas uma resposta. Sabia também que ele poderia mentir sobre essa resposta, e não haveria mais nada a fazer naquele momento. Não adiantava ficar se perguntando, sendo que só ele poderia responder. Ela SABIA. Toda mulher conhece lógica, e racionalidade. Mas é muito difícil discernir o que se sabe do que se sente.

Naquele momento, ela podia reagir de muitas formas. Ela podia gritar, jogar coisas na parede. Ela podia continuar tentando ligar inúmeras vezes, deixar mensagem de voz e de texto, e mandar e-mail. Podia sair, beber, curtir com as amigas e se controlar pra não ligar pra ele bêbada no meio da noite. Podia simplesmente sentar no sofá, assistir televisão, ouvir música, e fingir que nada daquilo tinha acontecido. Fingir que aquilo não a atingia.

Mas não. Ela se trancou dentro do quarto e sentou-se na cama. Encarou o celular novamente, como se, uma última vez, o desafiasse a tocar. Naquele ponto, já não adiantava mais esperar. Ainda que o cara ligasse... Já àquela hora da noite, ela teria certeza de que ele estaria ligando apenas uma noite de sexo. E que, toda aquela ansiedade não teria valido a pena, ao menos não vale a pena por apenas uma noite.

Em silêncio, atônita, arrancada a língua de seu corpo, junto com suas reações, deitou sua cabeça no travesseiro. Deixou, no entanto, seu celular, deitado também ali, no travesseiro ao seu lado. Talvez sentindo que aquele aparelho, mesmo mudo, pudesse substituir a presença daquela ligação ausente.  E se viu ali. Trancada num quarto. Deitada na cama. Numa sexta-feira à noite. Aguardando a possibilidade de que talvez, possivelmente, quem sabe, um cara qualquer poderia ligar. Era patético demais.

Então ela chorou. E chorou. E percebeu o quanto havia se envolvido com alguém... que não existia! No fundo, ela sabia que ligação que ela aguardava não era do cara que conversou com ela, um dia desses, naquela semana. Era de um cara que ela criou na cabeça dela. Ela esperava um encontro com uma ilusão. Mas não pense, por um segundo, que ela chorava pelo cara. Ela chorava por que sua mente brigava com seu coração. A mente culpava o coração, por ser tão tolo, e criar tantas expectativas sobre coisas impalpáveis. Já o coração, culpava a mente por estar causando aquela dor dilacerante, a dor de estar com vergonha de si mesma. Uma dor que ninguém tiraria dela por muito tempo, pois lhe seria lembrada a cada vez que olhasse no espelho.

Enquanto chorava lágrimas sutis e vagarosas, contemplando um instinto autofágico de engolir-se, se afogar nas próprias entranhas, entrar nas próprias profundezas e nunca mais deixar ninguém encontrar aquela menina frágil e machucável, ela adormeceu. Adormeceu em lágrimas. Mas não sem antes decidir que nunca, jamais, ela permitiria que alguém a fizesse sentir daquele jeito novamente. Aquela seria a última vez que alguém a faria sentir inferior. Primeira e última vez.

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Aprendi

Aprendi nessa vida tanto... Tanto e tão pouco.
Tantas coisas tão pequenas que não caberiam em nada mais do que em clichês.
Os clichês mais óbvios!
Por que o óbvio é simples, coerente... mas não é nada fácil de viver.

Aprendi a dar valor apenas a coisas que valem
Que quem fala demais, não tem nada a dizer
Que o prático nem sempre funciona na prática
Que o que parece, nem sempre é o que se vê

Aprendi que é só vivendo que se aprende a viver
E, consequentemente, aprendi a aprender.
Aprendi que vivemos perseguindo conforto em palavras
Enquanto atitudes é que nos tentam a verdade dizer

Aprendi que Carma is a bitch

Aprendi que prá sempre existe
Mas não como o prá sempre de contos de fadas
Aprendi que o prá sempre nem sempre acaba (que me perdoe Renato Russo)
Tudo o que é prá sempre, sempre muda.
E, se acabou, é por que não era prá sempre
Se, depois que mudou deixou de ser prá sempre
É por que não era forte o suficiente prá aguentar
Só parecia ser... Mas era passageiro

Aprendi que a vida é cíclica
Por que tudo na vida passa
Mas tem coisas que tem que ficar
O que passa, nem sempre fica
E o que fica, nunca mais passa...

Aprendi, por fim, que às vezes
Frases que não dizem nada
Podem muito te dizer
Se o mesmo também já tiver conseguido aprender. 
Tamiris Garcia

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Maquiagem para Palco

Olá pessoas!

Bom, hoje eu vou falar sobre a minha mais recente paixão - MAQUIAGEM! Comecei a me interessar por makes, de verdade, por causa do palco, que me forçou a entender como eu poderia sair com uma cara melhorzinha nas fotos! =P

Então, a minha idéia é compartilhar algumas das minhas idéias de maquiagem aqui... Mas vejam bem, já temos milhares de milhares de blogs de maquiagem por ai, né? Com certeza não quero que esse seja o foco aqui, não é minha pretensão não é competir com todas as meninas super competentes por ai (não é sarcasmo, viu? Aprendi muito com tutoriais delas no Youtube, inclusive!!).

Acontece que, mesmo passando horas vagando por vários blogs e tutoriais, não é muito comum achar makes específicas para palco. Então, por isso, quero compartilhar aqui algumas maquiagens que eu faço, que pode ser que ajude alguém! =) Lembrando sempre que não sou nada expert, nem em fazer maquiagens, e muito menos em gravar tutoriais para elas! Portanto, é mais pra mostrar a vocês o que eu sei, e também pra vocês me ajudarem com o que eu não sei!

Hoje eu vim mostrar uma maquiagem que eu fiz para a última performance que eu fiz, no Cabaret Luxúria, dia 25/jan/13. A maquiagem é essa aqui:

(foto: Diorandi Nagao)


Na verdade, a maquiagem que eu fiz nesse dia estava mais puxada para o rosa, já que essa era a cor da roupa que eu usei no dia. Mas, para mostrar aqui, eu preferi fazer um tom de roxo, por que fica mais claro nas fotos! =) Além disso, usei também uma cor diferente de batom, pra mostrar que esse look pode ser legal também pra uma formatura, ou alguma festa mais glamour. *-*

O look que vou mostrar hoje, no final ficou esse:


            


Mas claro que a única diferença vai ser a cor que passaremos no côncavo. O processo, em geral, foi bem parecido! Vamos lá, no passo a passo:


Pra começar, eu já tinha preparado a minha pele, e tudo o mais. Por favor, ignorem a minha sobrancelha e as falhas dela, ok?? ahahahah

1 - Primeiro, eu preparei a profundidade do olho. Fiz com um pincel de pálpebra, mesmo, colorindo toda a pálpebra móvel, e um pouquinho acima do olho, já no côncavo.Usei essa cor aqui ao lado, da minha paleta de 88 cores:


2 - Escureci a parte superior com um tom de preto, usando um pincel específico para o côncavo. Ele esfuma um pouco a cor marrom, e tem que ficar bem marcado acima do olho.



3 - Peguei um pincel de côncavo bem fofo para fazer o roxo. Ele não vai ficar tão forte no resultado final, mas vai ficar bem forte nessa etapa - sério, parecia que eu tinha levado um soco no olho na hora que eu fiz! =P Enfim, usei dois tons de roxo bem fortes, os dois tons das extremidades da foto ao lado. Esse rosa do meio, eu usei para fazer o acabamento. Portanto, sem medo, encharque o centro do olho, bem entre a pálpebra e a sobrancelha, de muito roxo! =)


4 - Depois disso, já iluminei abaixo da sobrancelha. O resultado final vai ser dourado, mas eu usei prata por baixo para dar mais brilho na hora de esfumar o dourado. Passei um jumbo Milk (esse da fotinho ao lado! ^^) para pigmentar, e em seguida, sombra prata.
  
5 - Depois disso, já fui para a aplicação do glitter. Normalmente as meninas aplicam o glitter no final de todo o look. Mas, como eu queria deixar o côncavo bem marcado, apliquei o glitter antes. Usei o fixador de sombras da Contem 1g, e o glitter foi esse da foto ao lado, também da Contem 1g - que aliás, é uma graça! Ele é meio translúcido, então, apesar de ser branco, o efeito final é dourado! Muito legal.
Ah! Lembre-se de aplicar o glitter com cuidado para não estragar a sombra em baixo, ok?




 6 - Depois de aplique um lápis de olho. O que eu passei é um BEM preto, da Avon, que é de sobrancelha, na verdade... Mas ele é bem escuro, e tem esse esfumador na ponta. Isso aí é bem útil para o esfumado que eu quis fazer. Com ele, delineei a linha do côncavo (de novo) e a linha acima dos cilios, pra já ficar marcado pra hora de passar o delineador. Não precisa ficar certinho a linha, por que a gente ela é meio que "apagada". Mas tem que seguir certinho o formato que o glitter está fazendo no olho, aproveitando pra delimitar caso você tenha passado do espaço com o glitter, e delinear certinho.




7 - Aqui é a parte que eu usei o esfumador desse pincel da Avon, aqui acima. É importante esfumar para cima, na direção do roxo, e não na direção do glitter. Tem que apagar mesmo a linha preta marcada.


8 - Pra tirar a bagunça que o glitter faz acima do olho, use o mesmo pincel que usou para fazer o roxo do centro do olho. Não precisa pegar mais produto, usa só o que sobrou no pincel, mesmo. E meio que "varra" o glitter, aproveitando pra usar mais cor pra finalizar o esfumado preto criado antes.


9 - Essa etapa é a mais doida. É aqui que o dourado vai aparecer mesmo. Usei um pincel de esfumar com essa sombra dourada, aqui. E passei em toda a pálpebra. Cobri o prata, mesclei com o roxo (pra amenizar um pouco, e pra dar mais brilho), até a linha preta. Depois, já fiz uma marca dourada ao lado do olho também, pra iluminar o olhar.




10 - Agora é só finalizar. Usando aquele tom de sombra mais lilás, entre os dois roxos, da foto acima, (sabe?) eu dei mais uma cor para o centro da pálpebra. Se quiser passar um pouco mais de glitter, só pra incrementar, pode ser bom. Mas tem que tomar cuidado pra não estragar a parte de cima!!


11 - Aí, praticamente acabou. Só passar o delineador em cima (faça um traço não muito largo, pra não esconder o brilho! *-*), puxar o delineado de gatinha, e usar lápis preto na linha d'água. Passe um pouco de lápis abaixo da linha d'água também, se quiser um drama a mais. Eu usei ainda uma sombra lilás ali, pra dar uma esfumada no preto, mas é bem sutil.


12 - E finalizar com o rímel. Ou cilios postiços, que funcionam melhor para palco, neam? (lembrar de passar rímel nos cílios de baixo também! ^^


No final, ficou assim:










 Usei um batom lilás da Vult, mas como eu disse - para palco, olhão e bocão nunca é demais! =) Ah, e reparem que caiu um pouco de glitter no rosto. Para palco, eu não me importo, já que o brilho fica bem sutil de longe, e dá uma graça a mais também!

É isso, gente... Espero que gostem!

Beijinhos,
Honey Pie ;)


terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

RESENHA: "The Burlesque Handbook", by Jo Weldon

Oi gentee!!! =D


Hoje eu vim aqui contar da minha última comprinha, na Livraria Cultura.

The Burlesque Handbook © Copyright 2010
by Headmistress Jo Weldon
Foreword by Margaret Cho


O livro é uma gracinha! Não achei tradução para o português, essa edição é em inglês. E claro, como comprei domingo, então ainda estou no começo da leitura! Mas, por enquanto, é muito gostoso de conhecer toda a história do Burlesque! Mais para frente, posto aqui algumas partes do livro, pra vocês conhecerem algumas coisinhas da história e da vivência americana com o Burlesque, que é bem diferente da brasileira, e das tentativas que tiverem por aqui.


Além disso, tem altas dicas para as performers, como por exemplo, sobre como usar boás, como fazer nossos queridos leques, cheios de plumas! Mostra também como usá-los, e de que formas.
É bem "manual para iniciantes", sabem? Mas, ao mesmo tempo, o livro tem umas boas dicas, que a autora recebeu de Burlescas clássicas, que também são bem interessantes!




(essa ficou tremida, mas é só pra vocês verem!)

E, finalmente - essa parte que eu achei muito legal! - tem uma página só com modelos de pasties. Eu postei aqui só para curiosidade, mas ela diz que é possível escanear, e aumentar/diminuir o tamanho, para que possamos fazer modelos de pasties em casa. Adoreii esse do beijinho, gente!!



Enfim, leitura ótima, super aprovada! A autora é uma fofa, então mesmo pra quem não gosta de ler, é super fácil e dinâmico. Recomendo!!!

Ah! E se quiserem procurar, como eu mencionei, comprei o livro na Livraria Cultura, na Av. Paulista - tem lá na loja mesmo, não é necessário encomendar! Só encontrei em inglês, mas de qualquer forma, dá pra arriscar uma leitura em inglês, né, gente!? É bom, pra treinar! ^^

Beijos!



domingo, 3 de fevereiro de 2013

TPM

"Nossa! Eu queria tanto usar aquele batom Coral lindo que eu comprei semana passada! Ainda bem que já etiquetei, senão eu já teria perdido no meio dessa bagunça aqui! Gente, quanta coisa... Caraca... Não consigo achar! Será que ele ficou na outra bolsa? Não, não está aqui também... Gente, cadê??? Não acredito que eu não acho, tenho certeza que eu vi esse batom ontem!!! MÃE! Você viu aquele meu batom bonitinho, meio Coral, meio Salmão? Você?? Não acredito que você pegou sem pedir, mãe!! Será que ninguém nunca vai respeitar o meu espaço aqui nessa casa?? Mas que falta de respeito e... O que? Ah... você não pegou? Ah... tá... Entendi... Desculpa, não queria ter gritado com você. É, tem razão, eu levei ontem. Deve ter ficado no carro... Deixa eu ver. Amor!? Oi, tudo bem? Pode falar? Tá, é rapidinho, sim. Escuta, por acaso você achou algum batom no seu carro? É que eu acho que meu batom novo caiu da minha bolsa ontem à noite... É, isso... Achou? Ai, que bom... Rosa??? Não...! O meu batom não é rosa, garoto! Como assim, agora você tá achando batom que não é meu no seu carro, é isso? Quem andou no seu carro, usando batom rosa?? Hein??? Ah, eu sabia...! Bem que senti um perfume diferente no seu carro ontem! Quem é?? Quem é a piriguete??? Que marca de batom essa vadia usa, hein?? Como não sabe, amor?? Tá escrito!! Ai, nem me interessa, essa vaca vai me pagar! Não, seu cafajeste, tenho certeza que não é o meu!!! O meu é Coral, Amor! Eh... etiqueta? ...Tem uma... etiqueta nele? Ah... tá. Pode ser que... Como assim, qual a diferença entre Rosa e Coral, Amor??? Não é lógico??? Ai, tá acho que é o meu então. Tá, vou passar aí pra buscar... Tá... Mas se eu descobrir de quem era aquele perfume, vai ter, hein?? Tá... Tá bom... Tchau!!! Hunf... Buáááááá"
Tamiris Garcia

For Starters...

Meus pensamentos, idéias... Textos, fotos, interesses, desabafos e divagações. Se ficar por aqui um pouquinho, talvez consiga ver a vida como eu vejo! =D