sexta-feira, 12 de junho de 2015

Mulher Fácil

Olhar pra mim é fácil. Ver a minha bunda, os meus peitos, o tamanho do meu quadril é fácil. Qualquer um pode - de fato, olhe no youtube e vai ver mais de um vídeo mostrando o meu corpo, minha forma escultural - admito, não tenho físico de modelete, tenho perna, coxa, e posso ser considerada 'gordinha' -, mas sou linda. Sim, eu sou, e é fácil de ver que eu sou linda.
 
E por que meu corpo ta ai, estampado nas redes sociais pra quem quiser ver, podem me considerar uma mulher fácil. Eu não sou uma mulher fácil. Eu sou uma mulher que não tem vergonha do próprio corpo, e que não tem vergonha de dizer: "eu gosto de dar". E isso é dificil pra caralho. É algo que é difícil não apenas de dizer, considerando a sociedade machista em que vivemos, determinada a constranger qualquer mulher que admita gostar de sexo, mas é difícil também de fazer, pelos mesmos motivos. Constrangimento. Mulher que admite isso é mulher... fácil.
 
Mas eu passei dessa fase. Não me constrangia mais admitir quem eu sou, desfilar minha auto confiança e minhas vontades. Finalmente eu me libertei das minhas amarras, do severo carrasco que vivia dentro da minha cabeça, me torturando a cada vez que eu manifestava uma vontade espontânea. Calei a boca do carrasco, amordacei e enfiei ele num calabouço, lá no fundo da minha mente. Mas vocês o alimentavam. Vocês me chamavam de vadia. Vocês contavam mentiras sobre quem eu sou, me caluniavam, me colocavam pra baixo como se, quem eu sou, fosse motivo de vergonha e ódio. E, com palavras e atitudes baixas, vocês conseguiram me colocar de volta na cela em que eu vivia. Libertaram o meu carrasco, que agora me castiga ainda mais duramente, não apenas pelas minhas vontades, mas agora também pelas liberdades que tomei. Por quem eu me tornei na ausencia dele - a culpa que eu sinto por quem eu me tornei me encurralou. Me faz sentir vergonha de qualquer coisa que eu faça eu já fiz. Amplia meus medos exponencialmente, e me faz temer andar pelas ruas. Me faz sentir sendo punida, a cada passo que dou. E isso me abala bastante, há tempos. E está difícil de ver uma coisa, da qual me dei conta hoje:
 
Eu não sou uma mulher fácil. Eu sou difícil - demais. Sou complexa, profunda, cheia de defeitos irritantes e qualidades maravilhosas. Sou encantadora e um pé no saco, tudo ao mesmo tempo. Tenho várias ideias sobre política, religião, filosofia e psicologia pra compartilhar. Demoro para ser cativada, tenho dificuldades para perdoar mentiras e minha sinceridade quase sempre afasta as pessoas de mim.  Adoro vários tipos de música, meus gostos pra filmes são duvidosos, mas gosto de conhecer coisas novas. Tenho paixão pela minha profissão e sou viciada em assistir seriados. Conviver comigo não é fácil. Precisa de conteúdo, paciência e muita vontade.
 
Olhar pro meu corpo e me achar "fácil" é fácil. E eu não to interessada em quem formou a opinião sobre mim por que olhou para o meu corpo. Olhar para o meu corpo é fácil - difícil é olhar pra mim. E é isso que eu estou procurando: alguém que veja todo o resto. Que entenda o quanto eu sou difícil. Que veja além do que é fácil de ver. Será que é tão difícil assim de achar um cara que me veja, por mim?

terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

OPINIÃO - CADA UM TEM A SUA?

"Eu acho que lugar de mulher é na cozinha."
"Em minha opinião, gays não podem se casar, por que não é certo"
"Eu penso que funk é coisa de marginal e favelado"
"Pra mim, preto tinha tudo que ser morto."
"Eu acho que a escravidão é uma forma bastante coerente de trabalho"
"Em minha opinião, a Terra é quadrada!"

Acho bastante cômodo que, quando uma pessoa não tem base para sustentar suas ideias intolerantes, a justificativa seja que "todo mundo tem direito a uma opinião". É claro (e desnecessário falar) que cada um, sim, tenha direito de pensar o que quiser. O pensar é pessoal, e eu inclusive encorajo a liberdade de pensamento e de escolha - Sem sequer entrar em relativismos sobre o que é verdade, ou o que é certo, por que são justamente esses relativismos dão direito (e dever!) às pessoas de deixar suas mentes mais abertas ao mundo que as cerca.

A questão é que não dá pra simplesmente posicionar-se sobre as coisas e achar que nunca mais precisa-se pensar no assunto. Primeiramente, por que muitas "opiniões" já vem prontas para você: A grande mídia, juntamente com as grandes empresas de comércio, já as entregam prontinhas, no conforto do seu lar. Aliás, para eles, é interessante que você nem pense muito sobre as opiniões que eles estão te dando. Preferem que você compre aquela opinião e nunca mais pense mesmo sobre ela, assim você nunca vai questionar se realmente precisa, por exemplo, comprar um produto deles. Afinal, sua opinião já se formou no sentido de achar aquele produto muito necessário para a sua vida.

Além desse problema, existe um limite bem delicado, quase inexistente, entre as coisas que acontecem no plano mental e no plano da realidade. E certas opiniões (mentais), quando vem junto com a atitude (real) de achar que 'se é opinião, não se discute', geram pessoas que se sentem no direito de ser intolerantes por conta disso. Colocar a opinião num pedestal de 'intocável' é minimizar demais as consequências que uma simples opinião pode ter sobre o mundo ao seu redor. Baseando-se apenas em opinião, é possível uma pessoa ser racista, machista, ladrão, grosseiro, misógino... Enfim, tornar-se uma pessoa muito desnecessária para o mundo.

Para perceber o quanto uma simples opinião pode ser muito efetiva quando usada no mundo real, pense na seguinte situação: Eu posso "achar, em minha humilde opinião", que não preciso ser educada com o garçom - por que não o conheço, ou por que ele está lá apenas para me servir. Essa é a minha opinião, mas isso não muda o fato de a minha "opinião" estar bem, BEM equivocada - não tenho nenhum direito de tratar mal uma pessoa me baseando apenas na "minha opinião".

Que fique claro que isso não tem nada a ver com liberdade de expressão. Todos têm direito de expressar suas opiniões, e têm que ter esse direito. O meu ponto é, antes de defender a sua opinião com unhas e dentes, que a pessoa pense no mundo fora de dela mesma. Pense que aquilo que decidir não é válido somente para aquilo que gira em torno do seu umbigo - afeta todo o resto. Minha mãe sempre me diz: "O seu direito acaba quando começa o do outro". Isso, opinião nenhuma pode mudar - por exemplo, você tem todo o direito de 'achar' que não é certo homossexuais tenham direito a união civil, enquanto eles acham que têm. A opinião dos homossexuais não muda o seu direito de casar, mas a sua opinião muda o direito deles. Não faz sentido algum que apenas a sua opinião te leve a tirar esses direitos dos homossexuais (ou deixar de conceder, como é o caso de nossa sociedade atual). Você tem direito a achar que eles não podem ter, e eles tem direito a ter. Fim de papo.

E como consequência disso, pode ser, sim, que tenhamos que tolerar pessoas diferentes de nós sendo elas mesmas por aí... gente andando com cabelo cor-de-abóbora pela rua, mulheres de saia curta, gays se beijando em público, gente cantando no metrô... Teremos de lidar com coisas que, apesar de você 'ser contra', ou 'achar um absurdo', ou 'achar que não é certo', não mudam sua vida em absolutamente nada - portanto, nada te dá o direito de interferir.

Para quem achar que estou defendendo a 'balburdia', vou dar mais um exemplo, bastante claro nesse sentido: Um cidadão comum pode, um dia, achar que o fato de uma mulher usar saias curtas dá a ele liberdade estuprá-la. Essa é a opinião dele. Na opinião dela, usar saia curta é uma coisa confortável, e ela não acha que deve ser estuprada por causa disso. Será que ele pode agredi-la, ou violar a liberdade e o corpo dela, baseado apenas na opinião que ele têm sobre as roupas delas? "Mas daí", justifica o cidadão, "é só uma questão de opinião. Se ela discorda, o problema é dela." Afinal, opinião, cada um tem a sua. Certo?

O que eu quero dizer é que cada um pode pensar o que quiser, mas todos tem o DEVER de pensar nas consequências de suas opiniões de vez em quando. E com isso, talvez, até rever alguns conceitos: aquilo que a pessoa pensa não está escrito em pedras, imutável ou irremediável, e pode perfeitamente ser repensado. Se a sua opinião for interferir no direito e na liberdade do outro, aconselho a repensá-la, ou então guardá-la para você. Talvez ela sirva para alguns xingamentos "Anônimos" em comentários de internet. Mas ela não serve para sancionar leis, nem para justificar uma agressão (seja física ou qualquer outra). Ou seja, daqui, você tem duas opções: Ficar remoendo o fato de ser contra o direito dos outros, ou entender que você não pode interferir no direito do outro, tomando assim conta da sua própria vida. E acredite: Escolher a segunda opção vai te poupar de muito rancor, e quem sabe até de um infarto antes dos 40.

quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Sentimentos

Eu tenho a impressão de que entraram na minha cabeça, pegaram todas as minhas confusões e traduziram em palavras nesse texto abaixo...

"Talvez eu não sou do tipo namoravel. Cansei de jogar a culpa nos outros, a verdade é que eu não sou uma pessoa fácil. Demoro para ser cativado, tenho dificuldades para perdoar mentiras e minha sinceridade quase sempre afasta as pessoas de mim. Quando as pessoas falam "eu te amo" na primeira semana eu fico com o pé atrás pensando: "de duas uma, ou ta falando isso só pra ver se eu vou dizer se também amo, ou de fato não deve dar o mesmo valor que dou para um eu te amo", enfim... Ando meio cético no terreno dos sentimento se tenho desenvolvido o péssimo hábito defensivo de querer descobrir primeiro o defeito das pessoas, na tentativa frustrada de depois não ser surpreendido. E sabe o que eu descobri com tudo isso? O óbvio: que ninguém é perfeito, que todo mundo tem defeitos e que se procurarmos motivos para não ficar com alguém, sempre vamos encontrar vários. E em meio a qualidades e defeitos de pessoas que eu mal conheço, eu me pergunto: "Será que eu conseguiria conviver com isso a longo prazo?", "Será que com o tempo essa pessoa vai continuar a sorrir quando eu contar as minhas piadas sem graça?" "Será que se eu não ligar, ela vai me ligar?" "E se eu ligar? Como eu vou saber se ela teria me ligado?", "Como poderei saber se sou ou não indiferente pra ela?". No fundo, eu sei que todo esse questionário se resume a uma palavra: medo. É o velho medo de sofrer... Existe uma frase do Paulo Coelho (eu nunca pensei que um dia fosse citar Paulo Coelho, mas esta frase é realmente muito sábia), que diz: "O medo de sofrer é pior que o próprio sofrimento". E mesmo sabendo disso, a gente continua a temer. Afinal, é natural ter medo de andar em labirintos, depois que se descobre que existem armadilhas nele. Antes disso a ente anda no labirinto e mesmo não sabendo para onde estamos indo, não nos sentimos perdidos. Engraçado essas coisas, né?! E levando em consideração as minhas feridas abertas, meu traumas, medos e fantasmas eu cheguei a conclusão que talvez eu não seja do tipo namorável, mesmo que uma outra parte de mim discorde, e parte racional, é a quem escreve agora. E eu queria poder dar voz a minha outra parte, aquela que só quer um pretexto para por o meu lado romântico em prática, mas isso me torna tão vulnerável... Sabe, a gente se abre, a gente acredita, a gente sonha e depois quando as coisas não dão certo, damos um jeito de nos culpar por isso. Mas é besteira esse lance de se culpar por acreditar, por que agora vejo que bem pior do que se culpar por ter acreditado em algo que não deu certo não conseguir acreditar mais em nada. É... Talvez eu não seja do tipo namorável, talvez eu deva dar um tempo das pessoas, ou admitir que eu sou um solteiro convicto. Mas a verdade é que eu não sou, por mais que eu queira convencer meu lado racional disso eu não consigo. Porque quando meu Eu racional diz "talvez eu não seja do tipo namorável" o meu Eu emocional responde em um lonnnnnnnngo e pesado silêncio, e mesmo sem proferir uma única palavra, neste silêncio impossível de ignorar, é como se ele dissesse: "hey, eu ainda estou aqui viu?!". Talvez eu não seja do tipo namorável, mas talvez eu seja mais do que aquilo que o meu racional diz. Talvez eu seja até um sonhador, um bipolar, um lunático, um romântico, talvez eu seja a minha ultima esperança."

Luan Emilio Faustino

sexta-feira, 14 de junho de 2013

Revolta da Salada - 2013

Só queria fazer um comentário. Não àqueles que são contra as manifestações, esses não devem nem estar usando ônibus todo dia pra saber que qualquer 0,5 centavo que pagarmos a mais, já é injusto. Não, não... Quero falar com aquele que tá dizendo 'Sou a favor da manifestação, mas sou contra a depredação'... Pra vocês, que acham que aquilo prejudica "o resto das pessoas", como se aquele ato fosse algo alheio à sua realidade. Como se política fosse um universo alternativo, que não deveria afetar em nada a sua vida. Pra você, que está finalmente vendo a política escancarada na sua frente, e se assusta com isso - por que isso faz com que você tenha que lidar com ela. E faz com que você não possa mais fingir que não tem nada a ver com isso.

Primeiramente, sobre a crítica mais incisiva sobre o "perfil do manifestante": São "filhos de classe média" (Jabor, Arnaldo), Jovens desocupados de iPhone na mão. Eu sinceramente acho esse o argumento mais besta já inventado pelos que não tem o que argumentar. Então, por que esses 0,20 centavos não fazem diferença na vida de alguém que pode bancar um iPhone, a causa toda não vale a pena? Eu, que tenho VT da empresa, cruzo meus braços por que aquilo não me afeta? Pra mim, quem concorda com esse argumento é justamente uma pessoa egoísta, que naturalmente pensa 'se não me afeta, não tenho nada com isso'. Por que é a unica coisa que justifica desmerecer isso. Um cara que ganhe 500 reais não pode faltar no trabalho pra ir aos atos. O estudante universitário, que é um cara que (muitas vezes) tem a vantagem de ter segurança financeira, acesso a cultura e a educação, pode SIM lutar por um direito que não é só dele, nem só do rico, nem só do pobre - é um direito de TODOS. Portanto, eu não entendo por que desmerecer ao invés de achar isso algo positivo.
Entendam bem - eu não digo que todos aqueles que estavam no ato podem bancar um iPhone. Estou explicando que esse argumento, nem dentro da lógica reacionária sob a qual isso é visto, faz qualquer sentido.

A crítica aos 'manifestantes de Facebook' também me incomoda. O Facebook é a melhor ferramenta nesse momento, e não deve ser desmerecido. Anos atrás, quando eu estive num Ato contra o Aumento (em 2006, se não me engano - sim, faz tempo), o que mais sentimos falta foi disso - um meio publico de levar a noticia ao grande público. As grandes mídias abafando tudo o que fazíamos, um movimento sem a unidade necessária. Coisas que foram possibilitadas hoje em dia, através das mídias sociais. Cada vez que eu vejo mais e mais gente filmando as atrocidades que o Estado faz contra o povo, e compartilhando informações que não tinhamos como passar antes - só mesmo no boca a boca - eu sinto um grande orgulho. Ver a noticia sair na CNN e no El Pais, me faz encher o peito e dizer - POVO BRASILEIRO, É NÓIS!!! E isso foi possível graças ao Facebook. Eu queria, mesmo, poder estar lá. Eu estou trabalhando... Me envergonho muito de dizer isso. Entretanto, não me envergonho em dizer que, pelo Facebook (sim!), faço o que eu posso para ajudar a apoiar e propagar as causas de um manifesto que diz respeito diretamente a mim.

"Mas eles são uns vândalos, quebraram a Estação, e eu que vou ter que pagar!"
Aí eu imagino uma cena... Os 'meninos da classe média' tomando porrada na cara e saindo correndo no 1o Ato. Imagine que, depois disso, eles tenham recuado? "Oras, bando de covardes, boyzinhos que na primeira porrada já não aguentam", diriam os reacionários mal informados. Mas não - eles não pararam, nem recuaram... deram a cara para bater, outra e mais outra vez. Ai, os reacionários de plantão dizem "Baderna! Até quando vocês vão fazer isso, não adianta!" E enquanto você acha que não adianta, estamos aparecendo na CNN e no El Pais. Estamos colocando as caras no mundo como o 'povo que acordou'. Pense nisso, e imagine isso daqui a 50 anos. Imagine os seus filhos e netos, estudando História moderna, lendo sobre isso nos livros. E pense no orgulho que te dará ter sido parte daquilo, e poder contar como viveu isso ao vivo.

Voltando, por fim, à frase que eu mais ouvi essa semana: "Sou a favor da manifestação, mas sou contra o vandalismo." Vamos então, baseando-se nisso e em outros argumentos vazios e sem nexo, traçar o perfil de manifestante que o povo quer:

- Pobre e trabalhador (Gente a partir da classe média não pode ir! Afinal, eles tem grana para pagar ônibus e não podem, tampouco achar injusto que gente mais pobre que eles não tenha essa grana. Não, se não afeta o cara da classe média que ganha VT da empresa, ele não tem nada que reclamar);
- Adulto, acima de 30 (pois jovens são baderneiros, altamente violentos e não sabem o que dizem)
- Pacífico (se apanhar da polícia, tem que ficar calado, e sair logo das ruas pra não atrapalhar o trânsito. Afinal, vai me atrapalhar, por que eu só ando de carro, já que o transporte público é um lixo. Além disso, a democracia acaba depois que o povo elege um governante - depois disso, todo mundo tem que aceitar tudo o que o governante quiser, senão leva borracha na cara mesmo)
- Não fala nada, não comenta nada, muito menos compartilha seu apoio ao ato no Facebook (pois quem está no Facebook não está nas ruas, e só quem está nas ruas pode apoiar. Então, se você não está lá, automaticamente, é obrigado discordar do movimento)
- Trabalha e estuda (pois somente essas pessoas tem base para reclamar do transporte publico. É claro que essas pessoas falam mal enquanto estão entupidas feito uma sardinha num ônibus, paradas num congestionamento DE CARROS. Mas são essas pessoas que tem que ir ás ruas. Qualquer um que possa ir às ruas por ter o privilégio de ter horários livres E algum tipo de senso critico, não tem que ir pras ruas por que não tem nada do que reclamar)
- Ah! Lembrando ainda que a passeata tem que ser grande, senão, vai meia-duzia de doido e não vai adiantar nada! Agora, tentem não levar muita gente, senão atrapalha o bem-estar das outras pessoas, ok?

Pois é... Esse é o perfil de manifestante que você quer. Pobre, trabalhador, estudante acima de 30 anos e passivo. Acontece que, como percebido, essas são justamente as pessoas que NÃO PODEM ir às ruas - tem empregos que não podem perder, família para criar e aluguel para pagar. Se o manifestante que está na Universidade, questiona as atitudes opressivas do governo e quer mudar o que está de errado no mundo, é criticado por você.... e aí, não há como você dizer que "é a favor do protesto". Por que, se ficarmos esperando manifestos apenas desse perfil de pessoas que você acha ideal, acabaremos novamente apenas com "Manifestantes de Facebook", sendo roubados e reclamando que "brasileiro não se mexe".

Ah! E um grande PS: Será que, depois da atitude que a PM teve ontem, ficou mais claro por que os alunos da Usp não querem a PM no Campus? Ou você ainda acha que é só pra poder fumar maconha na faculdade?? Não, meu bem... Eles já tinham levado muita borrachada antes de você ficar sabendo.

terça-feira, 28 de maio de 2013

How I Met Your Mother - The Mother


I just wanna make one extra comment about 'The Mother Reveal'

SPOILERS

It's not that I thought she was ugly... I really don't think she is ugly. But I must say, I'm a little bit disapointed by her looks.... I mean, I was disapointed the first time I saw the episode, but I couldn't quite put my finger on the why. At first, I was really picturing a blond girl. Then, I thought to myself - "Tamiris, that's ridiculus! You can't expect the mother to just be a blond Hollywood tramp, she should be a real woman, looking as someone lovely and real. I mean, of course, probably the kids were conceived by the neighbor, who' gotta be the provider of the kid's blue eyes, - 'cause neither Ted nor the Mother have light colored eyes. But, you know, you should accept the fact that the mother is not a hot bimbo, she's a normal woman. Deal with it."

And I thought it was the end of it. But, as I was rewatching all seasons this week (I got anxious!), I realized... It was all their fault! I wasn't picturing the mother as a blond girl just because I'm a beauty-stereotypical bitch, but because the castings led me to it! Let's look over the girls that Ted dated - at least the ones who could have been the Mother at some point of the show, or the tricks that the writers played on us: They were ALL blondes!!

Take a look at them:






Season 1: Victoria
She would have been the mother if the show had been canceled.


Season 1: Love Solutions Girl
She would have been Ted's perfect girl, if he hadn't chosen Robin. There were still chances of her being the mother, but they would have to explain why THE HELL she was blond in the pics.



Season 4: Stella
She would have been the mother if the show had been canceled.




Season 6 (ep 01): Cindy's girlfriend
Ted builds up the whole episode, making us think she could be the mother - she's friends with Cindy, the mother's old college roomate, and he wonders if she is the same girl he saw in Cindy's apartment, walking out of the shower. By the end of the episode, she kisses Cindy, showing us she is future Cindy's wife.



Season 6 (ep 24): Girl at the Intersection
Ted made a joke, saying that by sending this girl the flower that was ment for Zoey, he met the kid's Mother. Then he fixes it: "It was just some chick"


I mean, every moment in the show in which we thought "Hey, maybe I'm looking at the mother now", the girl was FUCKING BLOND!

I blame the show for misleading me, and also for making my brain reject Cristina Milioti's beauty for a few seconds. If people think she's not pretty, it's all the the show's fault, for misleading all of us towards imagining a blond mom. And Cristina Milioti is very pretty!

Ok, now it's off my chest... lol

quarta-feira, 3 de abril de 2013

Dor

Estava perdida na noite. A madrugada cinza e pegajosa se encostava sobre seus ombros, e a lua caçoava levemente do espaço desengonçado que a cercava. Não havia mais nada no vazio da escuridão além da solidão que a perseguia.

Estava perdida na manhã. Andava curvada, sem entender a correria que a afugentava. Havia vozes, sons e todas as buzinas, que não percebiam a sua presença. Entorpeceu-se de presas e desatinou a fugir da multidão solitária, sem bem olhar de quem se esquivava.

Estava perdida na vida. Suspirava pelos palcos espaçados por semáforos, mas a plateia sobre pneus corria rápido demais. Não armava-se em nada, não mais se sustentava. Estava cercada de cegos que não sabiam ver. E se ela gritasse a plenos pulmões, tampouco eles ouviriam, por serem também surdos que não querem ver.

Estava perdendo a vida. Vivia a amargar suas derrotas. Fugia de tudo, até de si mesma. Suas vozes se confundiam com os sons e buzinas, seu corpo a suplicava atenção, gritava socorro. Ela não ouvia. Ela não queria olhar para o grito que a assustava mais. E se esmagava nas multidões, esperando que o caos pudesse dar a atenção que suas próprias vozes tanto precisavam.

Estava a vida. E lutava por si. E quem sabe o acaso a pudesse ajudar? Não haveria mais de sofrer, e poderia curar a si mesma. Por que quando a mente não quer ajudar ao corpo, é que a mente também precisa de ajuda. E quando a mente e o corpo não se entendem, sofre também a alma. E o caos nas cidades e a zombaria da lua, na alma, fazem todo o sentido. E é tudo intenso demais para entregar nas mãos do acaso.

Estava na noite. Estava na manhã. Estava na vida. Estava em cada passo que dava. Estava no corpo. Estava na alma. Estava em qualquer lugar. Perto demais para evitar. Cínico e desagradável. Incisivo e sutil. Estava lá. E ela não tinha mais escolha a não ser lidar.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Coisas...



"Por que nós todos somos monstros de alguma forma, não somos? Todos nós temos alguns fragmentos de um lado negro, e alguns de nós tem loucura completa, em escala Darth Vader. Ao mesmo tempo, precisamos daquele monstro. Ele nos dá coragem e força, e nos permite compreender a nossa força e, às vezes, emoções esmagadoras: raiva, medo e dor. Ele nos dá uma sensação de poder, de controle. No caso de uma mulher vampira, insinua algo sem suspeitas: você pode ter pensado que eu não tinha poderes, ela diz, mas agora que minha boca está coberta de sangue, talvez você tenha uma idéia diferente de que eu sou, do que sou capaz. Se estivermos vestidos como monstros, podemos nos ver como indivíduos cheios de poder, ao invés da vítima. Podemos agir, ao invés de agirem sobre nós." (tradução livre)

Amy Sundberg


"Sou pessoa de dentro pra fora. Minha beleza está na minha essência e no meu caráter. Acredito em sonhos, não em utopia. Mas quando sonho, sonho alto. Estou aqui é para viver, cair, aprender, levantar e seguir em frente. Sou isso hoje... Amanhã já me reinventei. Reinvento-me sempre que a vida pede um pouco mais de mim. Sou complexa, sou mistura, sou mulher com cara de menina... E vice-versa. Me perco, me procuro e me acho. E quando necessário, enlouqueço e deixo rolar... (...) Sou boba, mas não sou burra. Ingênua, mas não santa. Sou pessoa de riso fácil... e choro também!"

Tati Bernardi


"Ela não diz 'eu te amo' como uma pessoa normal diz. Ao invés disso, ela vai rir, balançar a cabeça, te dar um sorrisinho e dizer: 'Seu idiota!'. Se ela te disser que você é 'um idiota', você é um cara de sorte."

HIMYM S05E04


"Não, eu não era engraçada. Sem nem ao menos saber, eu era muito séria. Não, eu não era doidinha, a realidade era o meu destino, e era o que em mim doía nos outros. E, por Deus, eu não era um tesouro. Mas se eu antes já havia descoberto em mim toto o ávido veneno com que se nasce e com que se rói a vida - só naquele instante de mel e flores descobria de que modo eu curava: quem me amasse, assim eu teria curado quem sofresse por mim. Eu era a escura ignorância com suas fomes e risos, com as pequenas mortes alimentando a minha vida inevitável - que podia eu fazer? eu já sabia que eu era inevitável"

Clarice Lispector